Neta segunda parte do Casa às Costas, Luís Vidigal conta como foi a sua passagem pelo futebol italiano, onde jogou na Serie A e na B, ao serviço do Nápoles, do Livorno e do Udinese. Recorda episódios caricatos vividos com os adeptos, que tanto podem dar a vida por um jogador como quase tirá-la, e fala do regresso ao futebol português para jogar no Estrela, sob o comando do mano Lito. Homem de família, diz que os três filhos começaram a jogar futebol muito tarde, e revela o desejo de um dia, quem sabe, vir a ser professor. A fechar, dá um conselho aos mais novos: “As oportunidades surgem todos os dias, nós é que temos de estar preparados”
Foi para Nápoles sozinho?
Fui para Nápoles três dias depois de ter casado. Só tinha estado em Nápoles para assinar. Depois do casamento fui diretamente para as montanhas do norte de Nápoles.
Que tal o primeiro embate com a equipa?
A única coisa que correu bem foi ter levado com o Materazzi na pré-época do ano anterior, no Sporting. O Materazzi iniciou a época e surpreendeu-nos logo com alguns episódios giros.
Como por exemplo?
Lembro-me da forma muito calorosa como fomos recebidos num hotel das Caldas da Rainha, por uma senhora super sportinguista, em que cada refeição era um banquete. Na primeira refeição que fizemos, o Materazzi ficou sentado em silêncio. Olhava para nós e nós a comermos, a aproveitar tudo, se íamos sofrer mesmo, então, vamos embora. Só que foi só nesse dia. No dia a seguir era tudo pesado. 100 gr de carne, 100 gr de hidratos de carbono [risos]. Só fomos garganeiros um dia. Era com cada coça que levávamos [risos]. Tanto que vários jogadores desse plantel ligam o sucesso do título evidentemente àquilo que trouxe e que acrescentou o mister Inácio, mas sobretudo pela pré-época, a preparação, que nos permitiu chegar ao final da mesma em grande condição física.
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Luís Vidigal, 50 anos, quase dispensa apresentação tendo em conta a tão conhecida história de família dos irmãos Vidigal, pois cinco deles jogaram no escalão mais alto do futebol português. Fomos ouvir o seu percurso, contado na primeira pessoa, através de uma entrevista onde o antigo médio, entre muitas outras coisas, fala da caça aos passarinhos com o irmão Lito, da morte do pai no ano em que dá o salto do Elvas para o Estoril Praia (enquanto recupera de uma lesão), das palavras de incentivo de Carlos Queiroz e do episódio em que um dirigente diz que tem de procurar outro clube. E falámos também da festa do título no Sporting, da ida aos Jogos Olímpicos de Atlanta e da partida para Nápoles, três dias depois de ter casado
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